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JAIME VIEIRA
( Paraná – Brasil )
Lugar de nascimiento: Marília, Estado de São Paulo, Brasil
Residência atual: Maringá PR, Estado de Paraná, Brasil
Professor de Língua Portuguesa e Inglesa.
Editou seu primeiro livro em 1974 “Desencontros”, patrocinado pela Universidade Estadual de Maringá; 2º. Livro: “Ecos e Gritos” 1979; 3º. Livro: “Reencontro” 1984; 4º. Livro: “Outonos” 1986.
III Lugar no Concurso
PALAVRA DESCALÇA . Melhores trabalhos do 1º. Concurso poesia Gregório de Matos. Encantado, RS: GRAFEN – EDITORA. [1988] 125 p. 15 x 21,5 cm.
Ex. bibl. Antonio Miranda, doação do livreiro José Jorge Leite de Brito.
“O PAI”
Pai saiu cedo
dentro do paletó
azul ensebado.
Levou nos bolsos
um anúncio de jornal.
No negro dos olhos
tristes e fundos,
uma esperança qualquer...
No rosto chupado,
a ironia da miséria...
No coração gigante,
a falta enorme da mãe...
Mãe era bonita demais!
Reclamava muito...
Não podia ficar.
De mala na mão,
saiu um dia...
para nunca mais voltar!
Deve estar em algum lugar,
com outro sobrenome...
Não me importo:
mãe era bonita demais,
não nasceu para nós...
Pai chorou comigo.
Só restou um vestido,
pendurado no varal...
Farinha de mandioca,
carne seca de boi...
Pai engoliu seco,
na mesa, sozinho.
Pai saiu cedo
(carne seca no paletó).
Encostou a porta devagarinho,
abafando a tosse seca
com as carnes na mãos.
Pai, tão magro, tremia
dentro do azul do paletó.
Pai saiu cedo.
Chegou com noite fria
(carne seca no olhar).
Pai deitou-se ao meu lado.
Envolveu-me nos braços
(carne seca suada).
Pai não tossiu mais.
Chorei baixinho
(lágrimas com suor do pai).
Pai escutou calado...
Pai dormiu com a noite,
e não acordou nunca mais!
*
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Página publicada em fevereiro de 2022
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